Prefeitura lança publicações sobre agricultura e flora em terra indígena na zona sul

Livros revelam riquezas da Terra Indígena Tenondé Porã, na região de Parelheiros

Nesta quarta-feira (30/06), a Prefeitura de São Paulo lança de forma on-line as publicações “Os agricultores guarani e a atual produção agrícola na terra indígena Tenondé-Porã Município de São Paulo” e “Flora Tenondé-Porã – Levantamento Florístico na Terra Indígena Tenondé Porã: resultados preliminares”. As obras foram realizadas por parceria entre as secretarias de Desenvolvimento Econômico, Trabalho e Turismo e do Verde e Meio Ambiente, com apoio do Projeto Ligue os Pontos, que busca o fortalecimento da agricultura e preservação ambiental na zona sul da cidade.

“São dois levantamentos inéditos, que ampliam o conhecimento sobre aquele território e contribuem para a preservação e desenvolvimento sustentável da região”, diz Aline Cardoso, secretária de Desenvolvimento Econômico, Trabalho e Turismo. “Com estes registros, a Prefeitura poderá elaborar políticas públicas de preservação ambiental, desenvolvimento e geração de renda mais consistentes, respeitando a riqueza agrícola e florística do território e criando oportunidades”, completa.

O trabalho técnico foi realizado pela equipe do Centro de Trabalho Indigenista composta pelo antropólogo e coordenador do projeto Lucas Keese, o agroecólogo José Oliveira, e técnicos indigenistas, além de um consultor para análise dos dados.

“Essas duas publicações trazem um ineditismo em sua metodologia e descobertas, e disponibilizam dados e informações para que a Terra Indígena Tenondé Porã seja cada vez mais conhecida, valorizada e conservada”, diz a gestora do Projeto Ligue os Pontos, Nicole Gobeth.

As publicações

Com a publicação “Os agricultores guarani e a atual produção agrícola na terra indígena Tenondé-Porã Município de São Paulo”, é possível conhecer a fundo o cultivo em seis aldeias: Kalipety, Krukutu, Tape Mirî, Tekoa Porã, Tenondé Porã e Yrexakã.

Este território foi reconhecido pela FUNAI em 2012, englobando 15.969 hectares como terras tradicionais do povo guarani. A agrobiodiversidade registrada contempla 81 roças com, pelo menos, 190 espécies entre hortaliças, culturas anuais e perenes, arbustivas e arbóreas.

Cada roça conta com pelo menos dezoito espécies plantadas, chegando até a oitenta em algumas delas.As espécies mais presentes são manivas de mandioca, sementes de milho e feijão e ramas de batata doce, fazendo desta Terra Indígena uma referência regional na reprodução e distribuição de sementes para várias outras aldeias, através de viagens e intercâmbio.

A outra publicação, intitulada “Flora Tenondé-Porã – Levantamento Florístico na Terra Indígena Tenondé Porã: resultados preliminares” traz um estudo realizado pelo Herbário Municipal, da Secretaria Municipal do Verde e Meio Ambiente, que coletou informações sobre a Terra Indígena Tenondé Porã para colaborar com as demandas da comunidade guarani, na construção do Plano de Gestão Territorial e Ambiental (PGTA) que teve sua área ampliada em 2012. Os trabalhos de campo foram iniciados em junho de 2019 e precisaram ser suspensos em março de 2020 devido à pandemia da Covid-19.

O levantamento revelou cinco espécies registradas pela primeira vez na cidade de São Paulo, e uma espécie cujo último registro havia sido feito em 1950. No total, 301 espécies foram levantadas, sendo 271 nativas de São Paulo.

Sobre a Terra Indígena Tenondé Porã

Com uma extensão aproximada de 16 mil hectares, a Terra Indígena Tenondé Porã está situada no extremo sul do município de São Paulo, abrangendo também parte das cidades de Mongaguá, São Bernardo do Campo e São Vicente. Apenas na capital paulista são cerca de 8 mil hectares, correspondente a 24% da zona rural sul.

O território é residência de aproximadamente 1.200 a 1.300 indígenas de etnia Guarani Mbyá, distribuídos em 09 (nove) aldeias, nos municípios de São Paulo e São Bernardo do Campo, sendo seis delas situadas emSão Paulo.

Assim como as unidades de conservação, as terras indígenas são consideradas espaços territoriais especialmente protegidos por legislação específica. Os limites da TI Tenondé Porã sobrepõem a duas unidades de conservação – a Área de Proteção Ambiental Capivari-Monos e o Parque Estadual da Serra do Mar – Núcleo Curucutu. Nas unidades de conservação não é permitida a atividade de agricultura.

Já na Terra Indígena, essa restrição não incide sobre o povo Guarani, que, nos últimos anos, vem buscando resgatar sua cultura e costumes, em especial em relação às formas tradicionais de cultivo da terra e de espécies vegetais. Este resgate procura conciliar a segurança alimentar do povo Guarani e a recuperação e preservação ambiental do seu território que, em 2012, no processo de demarcação, teve sua área expandida, abrangendo áreas com características do meio físico desfavoráveis (densa rede de drenagem, áreas com ocorrência de solos com alto potencial de erosão, entre outros) e a presença de antigas áreas de silvicultura, além de expressivos remanescentes florestais da Mata Atlântica em estágio avançado de recuperação.

Sobre o lançamento

O evento será on-line, transmitido pelo canal da Universidade Aberta do Meio Ambiente e Cultura de Paz (UMAPAZ), instituição vinculada à Secretaria Municipal do Verde e Meio Ambiente. E contará com a abertura de Aline Cardoso (secretária municipal de Desenvolvimento Econômico, Trabalho e Turismo), Marta Suplicy (secretária municipal de relações internacionais) e Eduardo Castro (secretário municipal do Verde e Meio Ambiente). Participam de um debate mediado pela geóloga do projeto Patrícia Sepe e contará com os palestrantes Ricardo F. Garcia (biólogo do Herbário da Coordenadoria de Gestão de Parques e Biodiversidade) e Lucas Keese (antropólogo e coordenador do Levantamento dos agricultores Guarani – Centro de Trabalho Indigenista). Os debatedores são Dra. Inês Cordeiro, do  Instituto de Botânica; Jerá Guarani, liderança Guarani da tribo indígena; e Domingos Leôncio Pereira, sociólogo e ex-consultor do Projeto Ligue os Pontos, que atuou como articulador de campo dos dois levantamentos da tribo indígena.

Serviço: Lançamento das Publicações do projeto Ligue os Pontos.
Data: 30/06/2021
Horário: 16h
Link: https://bit.ly/lancamentopublicacoes

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